Meu nome é Jefferson Duarte Dias. Tenho 23 anos e sou nascido em Governador Valadares, e me criei numa cidade pequena que se chama Alpercatas. Desde moleque tinha vontade de conhecer os EUA, até que com 19 anos de idade surgiu uma oportunidade. Não foi de uma forma legal, mas consegui chegar aqui. Em 2005, estava vindo uma galera pelo México, e eu ficava sabendo de muitas pessoas qye cgegaran aqui, e de muitos outros que não conseguiram completar a viagem, infelizmente eram deportados. Em outros casos, (que eu nunca presenciei, mas me contaram) algumas pessoas morriam pelo caminho no deserto.Eu pensei que tinha chegado a minha vez, foi bom assim. Tinha um pessoa em Governador Valadares que mandaria as pessoas, só que minha família não tinha grana pra poder pagar. Através de outras pessoas, o coiote chegou até meu pai; eles conversaram e chegaram num acordo: mandar meus irmãos mais velhos pra poder pagar essa conta depois que eles chegassem aqui, uma quantidade por mês. Até então eu estava muito triste porque não estava incluído nessa viagem. Uma semana se passou e meu irmão acima de mim teve um problema de saúde e passou por uma cirurgía. Eu dei pulos de alegria pois a vez seria minha de viajar, e muito triste ao mesmo tempo por ele. Uma semana depois embarcamos, e eu nem acreditava! Só caiu a fixa quando eu desembarquei no México, e achei: “é, realmente estou indo...” No aeroporto, foi muita pressão, não sabia de nada, e os policiais estorquiam dinheiro de nós.Do lado de fora do aeroporto, tinha um outro coiote esperando por nós com uma placa com um nome que eu nem me lembro mais. Essa placa distinguia o nosso coiote. Depois de nos encontrarmos com ele, fomos para um hotel, mas não me recordo o nome da cidade.Depois de ficarmos no hotel por 12 horas, pegamos um voo para uma cidade que se chama Renossa. No desembarque, estorquiram mais dinheiro, mas conseguimos sair. Nessa cidade ficamos por 24 horas num quartinho horrível que fedia muito. Alí já era a fronteira.Aproximadamente 2:30 AM, eles chegaram para nos levar. Entramos numa van com outras pessoas, e passado uns 30 minutos, chegamos na beira de um rio muito grande. Esperamos alí 1 hora para a travessia. Sentí muito medo, já ouvia a sirene do carro de polícia. Ao atravessar, já conseguia ver algumas luzes da cidade do estado do Texas. Andamos uns 20 minutos e entramos nos EUA. Alí tinhamos que nos entregar para a imigração; era um acordo. Ficamos na imigração por 12 horas e depois saímos dalí com uma carta que nos permitia entrar no país por 8 meses, e depois retornar seu país de origem. Só que ninguém voltou, né! Assim como eu.Dalí em diante começou minha vida nos EUA. No começo era tudo novidade. Tinha muito medo de sair as ruas, mas o tempo foi passando e foi me acostumando. Até então nem tinha ido na igreja. Passado 6 meses, me mudei de Massachusetts para o estado da Flórida. Alí fiquei por quase 2 anos, e nada de ir pra igreja. Bom, fui 2 vezes pra não falar que não fui! Eu saia muito, festas, bagunças, mas nada de igreja. Voltando pra Massachusetts, sentí a vontade de ir à igreja, e comecei a participar.Depois de uns meses, me mudei para a cidade de Lowell, e logo procurei a igreja. Na primeira vez fui à missa e fui muito bem recebido pelo Edinho e por todos, alí sentí uma coisa bem dentro de mim, e comecei a sentir uma vontade enorme de participar das coisas da igreja. Tive muitos amigos que me ajudaram muito quando precisei. O COR (Curso de Orientação Religiosa) foi uma experiência maravilhosa na minha vida; aprendi muitas coisas e fiz amizade. Depois disso, caí muito, andei muito errado, mas sei que não há outro caminho a não ser o caminho de Deus. Tenho fé, mas preciso que Deus aumente mais a minha fé. Sou muito fraco! Há 22 dias fui preso pela políciado do estado, e ele me entregou pra imigração. Hoje estou detido aguardando minha deportação que não sei ainda como vai ser. Aqui dentro não é fácil. Sinto saudade de todos aí fora. Do meu irmão, minha namorada, a igreja, o grupo de jovens, da missa, enfim, de tudo aí fora.Aqui dentro você aprende muitas coisas boas e infelizmente coisas ruíns, mas tento separar as coisas. Peço muito a Deus que abençõe todos aqui, e que conforte nossos corações. A alimentação é uma delicia (kikikiki)... Até perdi 6 quilos nesses 22 dias. Ontem dia 06-01-2009, fiquei muito feliz porque recebi a visita do Padre Claudio, foi muito bom para mim. Foi minha primeira visita!Bom, vou terminando pedindo desculpas se magoei alguém ai fora. Se ficar algo pendente , me perdoem. Que Deus abençoe todos vocês, e que estejam sempre amparados pelas mãos divinas. Que Deus me abençoe para continuar minha caminhada com Cristo!Jefferson Duarte Dias – 23 anos (Minas Gerais)
Fui Deportado dia 19 de Junho.
